quinta-feira, 27 de novembro de 2008

HEINRICH HEINE - Os tecelóes da Silésia



Sem nos olhos sombrios terem lágrimas,
êles movem o tear, rangendo os dentes:

- Alemanha, tecemos-te a mortalha,
lançando contra ti três maldições.
Tecemos, tecemos.

Maldição para o Deus ao qual rezamos no frio inverno e em meio da miséria.
Esperamos em vão o seu socorro.
A todos iludiu, zombou de todos.

Tecemos, tecemos.

Maldição para o rei que é só dos ricos, que a pobreza despreza altivamente,
arrancando nossa última moeda,
e, como cães, nos manda fuzilar!

Tecemos, tecemos.

Maldição para a pátria que nos trai,
e com suas infâmias nos humilha,onde as flôres fenecem muito cedo,
e a podridão os vermes, alimenta.
Tecemos, tecemos.

Voa a lançadeira. O tear está rangendo. Tecemos sem parar, velha Alemanha,
tua negra mortalha, noite e dia,
lançando contra ti três maldições!

Tecemos, tecemos.


Heinrich Heine, poeta alemão contemporâneo e amigo de Marx, foi autor de muitos dos mais populares poemas alemães,
alguns musicados, conhecidos de cor, ainda hoje, por muitos cidadãos da Alemanha e ensinados nas escolas daquele
país.
A poesia de Heine é tão estimada na Alemanha que, durante o período nazi, continuou a ser ensinada, mas os manuais
escolares omitiam o nome do grande poeta progressista...

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